Médico que introduziu a antroposofia em JF Revisa Carreira e fala sobre novo livro
Por Mauro Moraes
Antônio Marques aponta a cura para a síndrome do pânico (olavo
prazeres/07-07-15)
“Quem é o ser humano?”, perguntava-se, ainda muito pequeno, Antônio José
Marques. Num tempo em que as questões são muitas e as respostas poucas, já
traçava consigo o caminho que desejava seguir. “Aos 12 anos, meu pai me deu um
livro da medicina sagrada do antigo Egito. Ali me veio o desejo de fazer
medicina sacerdotal. Minha preocupação, meu desejo infantil, era ajudar a
ciência”, conta ele, hoje aos 62 anos, 36 deles dedicados ao ofício.
“Como é o ser humano? Como ele pensa? Como ele sente? A medicina, para mim,
foi o caminho pelo qual acessei o antropos”, diz o homem de voz e olhar
entusiasmados. “A medicina sagrada foi sucateada. Hoje a ciência não é mais
questionadora, é produtora. O que interessa é o retorno financeiro. O outro
lado foi esquecido, e meu objetivo era resgatá-lo”, comenta. “Minha
insatisfação era plena. Na faculdade, passar de ano não era o problema, mas
saber cadê o homem”, completa, sorrindo.
Filosofia em casa
Intercalando citações de Platão, Aristóteles, Goethe, entre outros filósofos
e pensadores mundiais, Antônio Marques entende do corpo e da mente. Nascido em
Mato Grosso, mudou-se para Minas ainda criança. “Meu pai era juiz auditor da 4ª
Região Militar e foi cassado pelo AI-5, porque não aceitava a pressão dos
militares. Como ele gostava muito de filosofia, acabou me passando”, recorda-se
o médico, que, no segundo período da faculdade, no início dos anos 1970,
conheceu a antroposofia, comprou livros e começou a estudar. Tempos depois, foi
a São Paulo para uma palestra do médico e pesquisador alemão, referência na
área, Otto Wolff. Ao se graduar, partiu para Alemanha e Suíça, numa espécie de
especialização na doutrina criada, no início do século XX, por Rudolf Steiner,
que a considerava a “ciência espiritual”. Quando voltou da Europa, Marques
abriu um consultório e depois juntou-se a dois colegas. Porém, sua formação
hospitalar exigia-lhe espaço, e ele, então, construiu a agigantada clínica
Vivenda Sant’Anna, no São Pedro.
Diante do antropos
Se no momento em que se atentou para a medicina antroposófica foi preciso um
grande esforço para buscar informações e direcionamentos, hoje, para os que
chegam, como Mikhael Marques, filho de Antônio, o horizonte é distinto. São mais
de 20 profissionais na área em Juiz de Fora. “Depois de São Paulo, o segundo
lugar da antroposofia no país é aqui”, orgulha-se o médico, atualmente
coordenador do curso de formação em antroposofia na Suprema. “Hoje a medicina é
baseada em vivência. Se a bactéria está ali, é só matar. Não se pergunta o
porquê de ela estar ali. É quase uma ciência acéfala. Não há argumentação, nem
conhecimento. Temos que nos pautar dentro de uma fisiologia (como funciona?
para quê?)”, discursa Antônio, defendendo o caminho do pensamento e da reflexão
dentro de sua prática. Para o homem que trafega com desenvoltura do erudito ao
popular, recitando versos e ditos, é preciso pensar também fora do consultório.
Sem pânico
Membro da Academia Juiz-forana de Letras, Antônio Marques lança seu quinto
livro neste mês, durante o XII Congresso Brasileiro de Medicina Antroposófica,
que acontece na cidade, de 29 de julho a 1º de agosto. “Síndrome do Pânico tem
cura” (Editora Bárány, 94 páginas) revela o percurso de estudos feitos pelo médico
até chegar à conclusão de que a superação está na mente. “A gente precisa casar
com o corpo, que é uma parte do ser humano, mas não é o todo. Essa parte
depende de como a alma mergulha nela. Quando a alma se solta aqui (aponta para
a altura do abdômen) chama-se ansiedade, raiva, ódio, ou seja, nosso lado
animalesco. Quando se solta aqui (aponta para o peito), é depressão. E aqui (na
cabeça) é o pânico”, explica. “Visualizar o que já fez é o macete. Se fizermos
uma retrospectiva dos pequenos gestos, colocando ordem no pensamento,
conseguiremos sair da crise sem remédio. Ao gerar imagens do passado, tomamos
consciência do que está acontecendo. A cabeça não serve para pensar, mas
desenvolver imagens”, discute o homem em sua busca incessante por saber “quem é
o ser humano”.
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