sexta-feira, 19 de junho de 2015

Manual do coração partido: o que fazer quando o relacionamento acaba?



FOTO: GRAFVISION/ISTOCK

Ter o coração partido é uma experiência que todo mundo, ao menos uma vez na vida, vai passar. As decepções amorosas acontecem porque o ser humano tende a idealizar no outro aquilo que quer enxergar. De acordo com JÚLIA BÁRÁNY, psicanalista, um olhar isento de projeções não acontece com facilidade, pois as pessoas não costumam CONHECER E ­AMAR A LADO SOMBRIO DOS PARCEIROS. “Estamos apaixonados pela paixão, não vemos a pessoa. Às vezes, o problema é a gente mesmo”, fala a profissional.

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MUITAS VEZES, A TRISTEZA TAMBÉM SE MANIFESTA COMO DOR FÍSICA. FOTO: EVGENYATAMANENKO/ISTOCK
POR QUE TANTA TRISTEZA?
Segundo Júlia, os humanos estão sempre à procura do êxtase. E não seria diferente nas relações amorosas. “Você põe todas as suas fichas nisso, aposta todo o seu ser”, conta. E é com a mesma intensidade que se arrisca nos começos das paixões, que se sofre ao fim delas. “Quando vemos que não deu certo, caímos no fundo do poço. Perde-se o paraíso”, explica Júlia.
Então, ao perder o paraíso, inicia-se um processo de luto e de reconstrução da vida e da forma de descobri-la. Na maioria das vezes, A TRISTEZA TAMBÉM SE MANIFESTA POR MEIO DE DORES E INCÔMODOS FÍSICOS. Isso acontece porque o amor tem um efeito químico no corpo humano e, sem ele, chegam AS CRISES DE ABSTINÊNCIA. “Você se mistura quimicamente com o outro, com a saliva e o contato sexual. Tem o êxtase do orgasmo, e o seu corpo quer aquilo de novo. NÃO É SÓ O SEU CORAÇÃO”, esclarece a psicanalista.
As relações amorosas também fazem com o que o hormônio OCITOCINA seja liberado no organismo humano. Essa substância é a responsável pela ligação estabelecida entre as pessoas, tanto que o momento em que ela é mais produzida é durante o parto.
Nestas horas, chorar em um ombro amigo é extremamente necessário. Foto: David Pereiras Villagrá/istock
NESTAS HORAS, CHORAR EM UM OMBRO AMIGO É EXTREMAMENTE NECESSÁRIO. FOTO: DAVID PEREIRAS VILLAGRÁ/ISTOCK
COMO TRATAR A FERIDA?
Ao se procurar um ombro para chorar as mágoas de um amor recém-acabado, é bem provável ouvir que todo o sofrimento vai acabar. Apesar de isso ser verdade, não existe um tempo certo para que a dor passe. Vai depender de muitos fatores, incluindo como é que a pessoa vai escolher passar por este árduo caminho.
Segundo Júlia, É PRECISO SE PERMITIR SOFRER E CHORAR TUDO O QUE HÁ PARA CHORAR. “Não enfie debaixo do tapete porque, depois, vai voltar de uma forma que você não espera”, aconselha. “Procure o colo de alguém. Você está se sentindo como criança porque está doendo”, ela afirma.
A complicação é que, ao mesmo tempo em que é preciso colocar as mágoas e lágrimas para fora, canalizar a tristeza e não se deixar afundar por ela também é necessário. Por isso, procurar fazer ATIVIDADES E PROGRAMAS QUE TE TRAGAM ALÍVIO é essencial. “Transforme a dor e o sangramento em algo construtivo para você”, fala Júlia.
VÍTIMA? NÃO
“Todo revés da vida é a chance de um novo caminho”, entusiasma a psicanalista. Talvez, nas primeiras semanas pós-separação não seja possível enxergar isso. Para alcançar essa visão mais madura dos fatos, é preciso ASSUMIR RESPONSABILIDADE PELA SEPARAÇÃO, pois um relacionamento não é feito por uma só pessoa. “Assuma a responsabilidade de que você vai resolver e não espere que alguém faça algo por você”, afirma a psicanalista.
ADMITIR QUE “PERDEU O JOGO” vai te ajudar a largar do amor perdido. “Se você mergulha na tristeza, fica nela e ao lado da parte negativa do amor que perdeu”, fala. Neste momento, é preciso trabalhar a autoestima. Listar lamúrias e achar que o relacionamento acabou porque você não é suficiente para ele não vale. “APROVEITE ESTA CHAPOLETADA DA VIDA PARA MELHORAR NISSO. São dois lados, e é uma questão de conexão”, aconselha Júlia.
De acordo com a profissional, assim, aos poucos e se tornando consciente do que aconteceu, você volta a tomar posse da sua vida. Outro conselho marcante de Júlia é nunca achar que você é uma vítima. “A PESSOA PRECISA SER SOBREVIVENTE, OLHAR E FALAR: ‘PUXA, ESTOU VIVA. O QUE VOU FAZER AGORA?’ E CONTINUAR”, finaliza.